É só uma foto… ou será que não?

Crianças nas redes sociais e os riscos que ninguém quer enxergar.

Hoje em dia, é quase impossível passar pelas redes sociais sem se deparar com vídeos e fotos de crianças: dançando, dublando, abrindo presentes, dando “dicas” de beleza ou apenas fazendo alguma gracinha do dia a dia. Muitas dessas postagens são feitas pelos próprios pais, com a melhor das intenções: registrar momentos, compartilhar com amigos ou até mesmo iniciar uma “carreira digital”.

Mas será que a gente está mesmo pensando nas consequências disso tudo?
Esse é um assunto delicado — e urgente.

A internet não é um lugar neutro (muito menos seguro)

A gente tende a esquecer que a internet é pública, massiva e permanente. Uma vez que a imagem de uma criança é postada, ela pode ser compartilhada, manipulada ou usada de forma indevida sem que ninguém perceba de imediato.
E, infelizmente, existem sim pessoas mal-intencionadas que exploram esse tipo de conteúdo. O que começa como algo fofo e espontâneo pode acabar circulando em ambientes digitais obscuros, com finalidades criminosas.

O que a lei diz sobre isso?

A legislação brasileira protege a criança e o adolescente de forma ampla e prioritária. O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) garante o direito à imagem, à privacidade, à dignidade e, acima de tudo, à proteção integral.

Além disso:
● O Marco Civil da Internet estabelece a responsabilidade das plataformas em caso de violação de direitos.
● A LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) trata com atenção especial o uso de dados de menores, exigindo consentimento específico dos responsáveis.

Ou seja: a exposição infantil nas redes precisa ser feita com muito cuidado — jurídico e ético.

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Quando isso vira um problema?

Essa é a dúvida mais comum entre pais e responsáveis. Nem toda publicação é inadequada. Compartilhar momentos pode, sim, ser saudável… desde que com limites bem claros.

A exposição pode se tornar um risco quando:
● A criança aparece em roupas íntimas ou em situações constrangedoras;
● Há conotação sexual, mesmo que sutil ou provocada por comentários externos;
● O conteúdo tem finalidade comercial, sem qualquer regulamentação;
● A rotina da criança é exibida em excesso (escola, horários, localização…).

Muitas vezes parece inofensivo. Mas quando esse conteúdo escapa do nosso controle — o que é bem comum —, pode gerar consequências sérias.

E os pais, podem ser responsabilizados?

Sim, podem.
Quando há negligência, omissão ou, pior, exploração direta da imagem da criança, os pais ou responsáveis podem responder na Justiça. Isso inclui advertências do Conselho Tutelar, ações civis por danos morais, e até investigação criminal, em casos extremos.

E as redes sociais?

As plataformas possuem políticas de proteção infantil, mas elas não funcionam tão bem quanto deveriam. A moderação falha, e conteúdos impróprios muitas vezes permanecem online por tempo demais.
Por isso, a responsabilidade também é coletiva. Cabe a todos denunciar, questionar e proteger.

O que você pode fazer?

Se você convive com crianças e participa da vida digital delas, aqui vão algumas orientações importantes:
● Pense antes de postar: essa criança aprovaria esse conteúdo no futuro?
● Evite mostrar detalhes da rotina: nome de escola, endereço, horários…
● Nunca publique imagens íntimas, mesmo que pareçam “engraçadas”.
● Fique atento a conteúdos que adultizam a criança: roupas, poses, músicas.
● Se há envolvimento publicitário, busque orientação jurídica. O tema ainda carece de regulação, mas isso está evoluindo.

Para refletir…

Na era dos likes, precisamos nos perguntar: estamos protegendo nossas crianças ou apenas exibindo?
A linha é tênue. A infância precisa ser respeitada, resguardada e vivida com liberdade — e não transformada em conteúdo. A proteção começa nas escolhas diárias, e passa, sim, pelas redes.
Se você tiver dúvidas sobre como lidar com esse tema, busque orientação segura sobre uso de imagem infantil na internet.

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